Do amor à janela ao clique do smartphone


O dia de São Valentim está quase a chegar. Uma data para celebrar o amor, um tema eterno para o ser humano mas que é alvo de mudanças e que impulsiona igualmente transformações. Hoje é assim, ontem era diferente, amanhã como será? Questões que a nossa psicóloga nos leva a pensar.
Por Guida Alves*
Longe vão os tempos em que o início do namoro tinha tantas regras, com um único fim, de proteger as moças em idade de casar das investidas de moços menos dignos da sua pureza e castidade. Claro que, nem todas as jovens eram castas até à data do casamento e nem todos os pais conseguiam defender a honra das suas filhas, porque muitas delas acaba-vam na igreja com o vestido beje em vez do branco e com a barriga a empinar por baixo do traje.
Os tempos evoluí-ram e da janela para a rua já ninguém namora desta maneira, mas, sim, através da janela virtual do computador ou do telemóvel. Namo-rar é um dos acontecimentos mais saudáveis que o ser humano pode experienciar, a alegria o bom humor, sensação de bem estar, assim como outros sentimentos positivos e saudáveis que proli-feram, faz-nos bem à alma e, há quem diga, até à pele.
Certo é que antigamente namorar era um processo com muitos tabus e limites, ao contrário daquilo a que se assiste nos tempos modernos. Consequência, talvez, das novas tecnologias que, mesmo quando estamos longe, ficamos com a sensação e a convicção que somos íntimos sem o ser, o que pode originar a confusão entre estarmos, ou não, apaixonados. Poderá existir uma mera atração por ideais e corpos que, na realidade, não desejamos nem conhecemos. Os encontros são combinados à distância de um clique e a busca de uma relação deixou de estar envolta em mistério e sedução, para ser muito mais direcionada ao objetivo do prazer e à satisfação imediata.
Em mês de comemorar o São Valentim, dia dos namorados, importa reflectir a forma como estamos a construir as nossas relações. Não será suposto voltar ao tempo dos nossos avós e bisavós, não se pretende tal retrocesso, pois eles pouco namoraram no verdadeiro significado da palavra. Hoje em dia, vivemos de uma forma diferente, não temos tempo para conhecer o nosso par, não porque estejamos muito limitados pelas regras dos pais ou educadores, mas porque estamos a perder o interesse pela parte boa do namoro, a conquista do outro, a sedução e a magia que deverá estar envolta neste tipo de relação e que faz de nós, humanos, diferentes dos demais seres.

Sem comentários:

Enviar um comentário