Há química entre eles. Riem-se, trocam ideias, brincam, atiram piropos e recordam peripécias do passado. Anita, de Lisboa, João Rosa Luz, da Póvoa de Santa Iria, e Jorge Peseiro Mocinho, de Coruche, conhecem-se há relativamente pouco tempo, "uns dois, três anos", calculam. No entanto, partilham o palco juntos, uma enorme responsabilidade que assumem com coragem. "É brutal. Eu faço teatro desde os oito anos e ainda hoje tremo antes de entrar em cena", admite a membro feminina do grupo. O trio Humor de Mãe atua este sábado, 11 de fevereiro, no espaço cultural Fernando Augusto, do Grémio Dramático Povoense, na Póvoa de Santa Iria, às 21h30, e prometem fazer rir a plateia quase esgotada. Cada um terá direito a cerca de 20 minutos para contar as suas histórias e "desmontar a realidade", sintetiza Jorge Mocinho. "Acho que temos, cada um à nossa maneira, um estilo diferente e por isso nos ligamos bem. Eu", Jorge, "sou mais efusivo, ele é o mais sério talvez, e ela", Anita corta o discurso, "sou talvez a mais brincalhona. Misturo um pouco o meu ar colegial com a piada mais forte, sexual às vezes, e surpreendo o espetador", revela. O stand up comedy é mesmo assim: "ou vai ou racha. É um trabalho que nos deixa vulneráveis e nem sempre a pessoa entende a graça", explica Jorge Mocinho. O colega acresenta: "é engraçado porque em Portugal encontramos uma mistura de pessoas muito díspar. As gentes do Alentejo são diferentes das de Lisboa, e que por sua vez são diferentes das da Póvoa, e que por sua vez são diferentes das de Santarém, e por aí fora. Temos que saber nos adaptar", concretiza.
Jorge e João cruzaram-se, pela primeira vez, há cerca de três anos, numa workshop de escrita criativa do Rui Sinel de Cordes. "Juntámo-nos a outros colegas de stand up e andámos por bares e salas de espetáculos durante algum tempo. Entretanto, decidimos criar uma websérie, que acabou por não se concretizar, mas durante o processo conhecemos a Anita". Todos exercem profissões fora do contexto artístico: João é da área dos recursos humanos; Jorge é animador cultural; e Anita trabalha no departamento criativo de uma multinacional. O futuro? "Eu gostava muito de me dedicar a cem por certo à representação, mesmo sabendo que é uma área muito difícil. Mas acredito que consigo", assevera Anita. João Rosa Luz, que completa este ano uma década a colaborar com o grupo de teatro Inestética, admite que, "aos poucos", a arte vai entrando na sua vida. "Faço atividades em empresas, na Inestética, no stand up, a solo, e assim vou conquistando terreno". Jorge é perentório: "eu já estou farto de crianças! Por isso, quanto mais cedo me livrar delas, melhor!". Riem-se. Que não seja por isso: sábado aparecemos pela Póvoa. Vens?
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