Dançar é saltar de alegria


O barulho da música enche o pavilhão do União Desportiva Vilafranquense. Aos acordes juntam-se as vozes de apoio de dezenas de familiares que torcem pelos atletas preferidos. É uma mistura de gerações que, provavelmente, poucos desportos conseguem promover. As danças de salão que, agora, se designam de danças desportivas, dividem-se em diversos escalões, compostos por gentes de todas as idades, dos mais novos aos mais velhos. E com eles vêm famílias inteiras que alugam mesas, a €40 cada uma, num claro sinal de incentivo a uma modalidade que ganhou forte impulso nos últimos anos. "Foi muito graças aos programas de televisão, como o Dança com as Estrelas, da TVI, e o Dança Comigo, da RTP, que ajudaram a dar força a tudo isto", esclarece Sílvia Carvalho, uma das professoras de danças no Ateneu Artístico Vilafranquense. "O problema continua a ser a falta de apoios. São as organizações que têm que constantemente suportar todos os custos envolvidos. E falta trabalho de promoção", alega. "O público que assiste acaba sempre por ser composto pelos familiares e amigos dos participantes. Portugal é o país do futebol", desabafa.
Mas, apesar da aparente fachada de dificuldades, as danças desportivas nada têm de amador: há esforço e empenho como em qualquer outra modalidade profissional. Tiago Batista, na foto, tem 20 anos e vem, três vezes por semana, da Amadora para Vila Franca de Xira. "É aqui que estão os meus treinadores. Eram amigos dos meus pais, conheciam-me desde criança, convidaram-me, experimentei e estou por cá desde então", explica. De ar aprumado, o jovem estudante de Gestão de Recursos Humanos reconhece as limitações do país. Mas nada disso lhe tira o gozo. "É inexplicável. Quando se entra na pista, a energia, a força e o que acontece ali é qualquer coisa de espetacular". Nem se importaria de saltar para campeonatos internacionais, o problema são as limitações financeiras, como esclarece o seu par, Margarida Luís, na foto. "Este é um desporto muito caro e é impossível conseguir ir lá fora". Porém, a vilafranquense, de 17 anos, mantém um enorme sorriso rasgado no rosto e ao vê-la dançar a energia que transmite é de puro êxtase. É como se o mundo fosse perfeito. "Temos que dançar um para o outro, esquecer tudo o resto e dar o nosso melhor", refere. Paralelamente, há todo um esforço físico, igual a qualquer outro atleta: "temos que praticar muito exercício físico, evitar hidratos de carbono, gorduras...", suspira. "Eu já não bebo um refrigerante há mais de três meses!". Os momentos de convívio e de alegria acabam por compensar. "É o apoio das nossas famílias, amigos e colegas do Ateneu que nos dá ânimo", elogia. Sílvia Carvalho, ao lado do filho, Tomás Batista, de sete anos de idade, que convenceu a experimentar as danças há três anos, segreda: "ele também pratica futebol federado. Mais cedo ou mais tarde terá que fazer um opção. Gostava que escolhesse a dança". O rapaz, meio envergonhado, nega com a cabeça. Soltam-se gargalhadas. "Isso para já não importa. O que quero é que ele seja feliz". E a dança é isso mesmo: felicidade.






















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