Vila Franca de Xira, mon amour <3. Esta terra é gira e romântica. Que o digam Renato e Catarina. Ele de Santarém e ela de Almada que aqui se encontram para os treinos de dança desportiva. O mesmo com José e Ana (na foto de cima) para quem, mesmo com experiências profissionais no estrangeiro, é na cidade à beira rio plantada que querem passar os seus dias. Para a edição de fevereiro da revista gira, fomos à procura de histórias que fossem um hino ao amor é à amizade. São três histórias que perduram e provam de que hoje em dia nem tudo é tão fugaz como parece. A reportagem saiu na edição em papel aqui >>>> http://bit.ly/2jAD90D . Há mais fotos das sessões fotográficas com os nossos casais apaixonados no sítio da gira em revistagira.com
📷 Ana Paula Vieira
O que é o amor? Luís Vaz de Camões disse, outrora, que "amor é fogo que arde sem se ver; é ferida que dói, e não se sente; é um contentamento descontente; é dor que desatina sem doer". Versos que ficaram para a História e hoje são recordados como frases chave para descrever um sentimento que move montanhas. Será demasiado dizer que é a paixão que faz mexer o mundo? Há quem insista que é o dinheiro. Todavia, o que une as pessoas? O que leva os indivíduos a construir uma casa, a casar, a ter filhos, a partilhar uma vida e, como tal, a colocar em marcha toda a mecânica social do emprego, das compras, dos sentimentos, dos bens materiais? O afeto entre duas pessoas.
O mais curioso, às vezes, é a forma como tudo começa. José Ferreira, de 55 anos, está casado com Ana Maria, de 57 anos de idade. Conheceram-se há 39 anos numa situação caricata. "Nós vínhamos do liceu, ele mais à frente de mim. Tropecei, ia caindo, e como ele estava à frente foi nele que me apoiei. Acabei por magoar o dedo", recorda ela, entre gargalhadas. Ele acrescenta: "como eu praticava judo, percebia de luxações e sabia como resolvê-las. No dia seguinte, fui à procura dela para saber como estava o dedo e foi assim que nasceu a nossa relação".
Eram outros tempos, em que namorar teria sempre que passar pelo consentimento dos progenitores e o pudor era maior. "Eu sempre tive uma ótima relação com os meus pais. A coisa correu normalmente", assegura a antiga secretária de administração. "Um dia, o meu sogro", revela o oficial da Força Aérea, "ao deixá-la em casa depois de uma ida ao cinema, convidou-me para ir almoçar a casa no dia seguinte. Tudo muito formal e a respeitar um certo protolocolo", lembra. Com um ar jovial, Ana troça. "Apanhou cá uma seca". Sentados no banco do jardim, o casal olha para o passado com um enorme sorriso nos lábios. Contam cada peripécia com orgulho e muita saudade. "O segredo da longevidade está na honestidade. Nunca escondemos a verdade e assumimos as responsabilidades", revela o também ex-presidente do Ateneu Artístico Vilafranquense.
É um pouco o que defendem Rodrigo Silva e Ana Inácio. Ele com 35 anos, DJ, ela com menos três anos de idade e contabilista. "Nunca nos expomos muito e somos muito amigos um do outro", elogia ele. "Hoje em dia, à mínima discussão, as pessoas separam-se", critica ela. "Partilhamos todos os nossos problemas e somos rápidos a resolver as questões. Não deixamos os assuntos arrastarem-se", exemplificam. Ambos admitem que, atualmente, as redes sociais, como o facebook, em nada contribuem para solidificar das relações. "É preciso ter algum bom senso", aconselham. A história deste amor começou há muitos anos, quando Ana se mudou do centro de Vila Franca para o Bom Retiro. "Passei a frequentar a mesma escola e morava na mesma rua. Tudo ajudou", mesmo que ela tenha uma gémea. "Só nos distinguimos porque eu tenho um sinal e ela não", revela, sorrindo. Então o que a atraiu mais nela, perguntas tu? "Sei lá", ri-se Rod Tha Funk, como é mais conhecido. "A irmã já tinha namorado e o estilo da Ana era mais clássico". Casaram muito recentemente e já têm um filho em conjunto, também chamado Rodrigo. Como se mantém uma relação duradoura, perguntamos nós? "Gostamos dos pequenos pormenores. Adoramos passear juntos, ir às compras, andar pelo jardim. Situações que, se calhar, para outros são banais, para nós são motivo de confraternização e alegria", explica o conhecido DJ. E como se conjuga uma vida noturna com um namoro estável? "Eu nunca me importei de ir com ele. Para mim era como eu me sentia bem. E nunca fiz fitas por ele ter raparigas à volta dele, ou porque ele chegava mais tarde a casa. Eu não podia obrigá-lo a escolher entre mim e a profissão. Por isso adaptei-me", refere Ana Inácio. "Hoje em dia, já tenho mais cuidado a escolher trabalhos. Tenho um filho e quero vê-lo crescer", acrescenta.
Para Catarina Gemelgo e Renato Brás, conciliar vidas é, talvez, a parte mais fácil: ambos são dançarinos de competição. Vila Franca é, neste caso, o ponto de união deste amor. Ele é de Santarém e ela é de Almada. Cada um competia em escolas diferentes e começaram-se a cruzar em provas de dança desportiva. "A primeira vez que nos vimos, ainda me lembro, foi numa prova no Bombarral", segreda a jovem de 22 anos. "Durante os tempos seguintes fomos seguindo os passos um do outro até que dei o primeiro beijo", conta o ribatejano de 21 anos. "Foi a 31 de março de 2012", recorda ela. Trocam uma gargalhada cúmplice. Em cinco anos, passaram por inúmeros problemas: assumiram o namoro, deixaram o par com quem treinavam e juntaram-se um ao outro nos treinos e nas competições, mesmo indo contra a opinião dos pais. Entraram na faculdade e continuaram a conjungar estudos com a dança desportiva. "É muito difícil mas talvez seja isso que nos une mais: saber que estamos ali um para o outro. Partilhamos tristezas, alegrias, frustações. Somos muito unidos", assegura Renato. Apesar de haver diferenças entre estilos, como revela Catarina. "Eu sou mais conservadora. Ele sempre teve mais raparigas à volta dele. Como é bonito e foi campeão nacional, sempre foi o centro das atenções. Eu nunca quis entrar nesses jogos. Como tal, foi ele que teve que tomar o primeiro passo", conta. Ele sorri, concordando. "Ela é a parte organizada da relação. Conto com ela sempre para tudo".
Cada casal tem a sua história, à sua maneira. Seria impossível fazer, nestas singelas páginas, um estudo sociológico do amor no século XXI. Há quem diga que está pelas ruas da amargura. O que interessa, nestes três relatos, é a firmeza do compromisso. É a certeza de que, nos momentos maus a nossa cara metade está lá. "Porque nos bons, é tudo fácil", sintetiza Ana Maria.
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