Assinala-se amanhã,
terça-feira, 25 de abril, mais um aniversário do fim da ditadura em Portugal.
Os valores da democracia e da liberdade estão sempre na ordem do dia. A opinião
do diretor da revista gira.
Por António Dias*
Milhões de pessoas
morreram ao longo de séculos para hoje teres liberdade e poderes votar. Tudo
terá começado com a tomada da Bastilha, a 14 de julho de 1789. O povo
insurgiu-se contra o rei absoluto, e de Paris emanou um movimento que definiu,
pela primeira vez, os direitos do Homem. Estado após estado, o mundo foi
dominado pelos valores da liberdade, igualdade e fraternidade. Porém, com um
planeta tão gigante, tem sido difícil implementar esta carta de direi-tos que
parecem tão simples e óbvios. Os revés têm sido
constantes. No início e depois em meados do século XX, o planeta foi
palco de duas guerras mundiais que aniquilaram gerações, dizimaram povos,
destruíram milhões de vidas e famílias. A recuperação foi ligeira: um pouco por
todo o globo, ainda há pedaços de territórios onde o ser humano é tratado como
um animal irracional e cortam-se sonhos com uma facilidade assustadora. E tudo
em direto para o mundo ver. Por vezes, parece tudo irreal. Um enorme pesadelo a
que estamos agrilhoados eternamente. Os conflitos tornaram-se tão banais com a
globalização dos meios de comunicação social que, por vezes, perdemos a noção
de como a paz é frágil. É assustador que partidos extremistas encontrem
caminho, alimentados por ódios e desconhecimento pelo passado. Será que nunca
aprendemos?
Em Portugal, o clima
político é relativamente calmo. É o país dos brandos costumes. No entanto, o
descrédito pelos políticos continua a aumentar. Em 1980, 15 por cento dos
portugueses ficaram em casa no dia das eleições presidenciais. Já Marcelo
Rebelo de Sousa foi eleito com 52 por cento de abstencionistas. Um país com dez
milhões de habitantes tem como chefe de estado um presidente escolhido por dois
milhões e meio de eleitores. É fácil perceber o desligamento. Para a Assembleia
da República o cenário é ainda pior: em 1980 houve uma taxa de abstenção de
14,9 por cento e em 2015 bateu-se o recorde de 43 por cento.
A 25 de abril
assinala-se a revolução dos cravos e depois do verão haverá eleições
autárquicas. É importante não esquecer os valores da democracia e da liberdade.
Votar é um direito mas é sobretudo um dever de respeito por quem sofreu no
passado para hoje eu e tu termos esse poder.
#opovoéquemmaisordena
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