Desde muito cedo que a educação e os valores
que transmitimos aos nossos filhos têm um papel fulcral no desenvolvimento da
sua personalidade, identidade e… auto estima!
A auto estima é um conceito multidimensional,
que engloba três componentes: o afetivo, o cognitivo e o de conduta – que estão
intimamente ligados (a alteração de um implica a modificação de outros). No
fundo, a auto estima, que se complexifica e diversifica à medida que a criança
se vai desenvolvendo, reflete-se no que se sente, no que se pensa e idealiza e
no que se faz.
Mas como é que uma criança pode ou não ter
uma elevada auto estima? Como é que ela pode gostar mais dela própria? E como é
que os pais podem ajudar neste contexto?
Primeiro que tudo, a forma como os pais
educam a criança é fulcral, pois estes são os
“modelos” que os filhos têm e onde aprendem, de acordo com o que observam,
ouvem e falam. Os pais têm um papel activo, desde logo, na construção de uma
auto-imagem positiva ao encorajarem o bebé a desempenhar algumas tarefas
sozinho. E daí surge a auto confiança. A criança acredita que é capaz sozinha e
que, também ela, consegue fazer as coisas… E bem feitas! Mas, mais uma vez, os
pais são decisivos. O encorajar, o recompensar, o elogiar e, também, o impôr
limites e regras são bases necessárias para um desenvolvimento desta auto
confiança e, simultaneamente, de uma elevada auto estima. Mas também é
fulcral que se fale dos erros. Que todos nós erramos e que isso é totalmente
aceitável e uma nova descoberta de nós próprios. A criança não verá, então, o
erro como uma limitação, mas sim como uma forma de persistência, em que os
insucessos se transformam em novas oportunidades e aprendizagens.
Além de tudo isto, uma estabilidade familiar
é essencial. Uma boa relação familiar transmitirá uma segurança emocional
fundamental ao desenvolvimento da criança. O estilo educativo que os pais
adotam também interfere (e muito) – nem muito autoritarismo, nem uma excessiva
liberdade.
Quando a criança começa a crescer, depara-se
com uma série de questões interiores, nomeadamente “Quem sou eu?”; “Como é que
eu sou?”; “Qual é a importância das coisas para mim?”. E é aqui que o
desenvolvimento de uma autoestima positiva ganha particular importância, ao
constituir-se como dimensão básica para a plena realização da criança, com
estreita ligação com um sentido de segurança, de identidade, de pertença, de
objetivos e de competência. A criança com autoestima positiva age com
independência e enfrenta novos desafios com entusiasmo e confiança. E a auto
estima positiva é fundamental para uma vida saudável. Sim, a auto estima
consegue interferir com toda a vida de uma criança; estando a baixa auto estima
associada à depressão e ansiedade.
E, como pais, o que deve fazer para que a
criança tenha uma elevada auto estima?
1) Demonstre interesse pelas atividades do seu filho – seja na escola, em casa,
nas brincadeiras, etc. Isso vai demonstrar ao seu filho que tem interesse pelas
suas coisas, transmitindo-lhe confiança e segurança;
2) Seja tolerante,
compreensivo e fale! Fale muito com o seu filho. Perceba as suas emoções –
alegrias, medos, tristezas,… E ajude-o a ultrapassar isso!;
3) Demonstre sempre ao seu filho que confia nele e que acredita nas suas
capacidades . Por vezes, alguns pais desencorajam os filhos, com
comentários mais negativistas (e muitas vezes nem o fazem de forma
propositada). Esteja atento, elogie e ofereça apoio ao seu filho, quando ele
necessitar;
4) Valorize
positivamente caraterísticas individuais do seu filho, que sejam menos
comuns e que o possam estar a afetar (de alguma forma);
5) Elogie e recompense o seu filho pelos seus êxitos e esforços;
6) Não
faça comparações entre o seu filho e outras crianças – cada um é como é e
temos de aceitar todas as individualidades específicas e aprender com elas;
7) Perante alguma situação menos boa nunca
critique a criança, mas sim a situação – por exemplo: a criança não consegue
fazer o puzzle até ao fim. Nunca diga “tu não consegues fazer puzzles” ou “tu
não és bom nos puzzles”. Diga antes: “este puzzle é mais difícil que os outros,
porque é para os meninos mais crescidos; mas mesmo assim tu conseguiste um
bocadinho!”
8) Imponha regras e limites: é fundamental
que a criança tenha regras e limites no seu dia a dia. Ela tem de perceber que
não pode fazer tudo o que quer e que poderá ouvir a qualquer momento um “não”
(quando assim tiver que ser). Dizer que “não” à criança, não é ser mau pai ou
má mãe; muito pelo contrário.
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